Perspectiva Imaginária do Direito Como Uma Dimensão do Mundo: Desdobramentos para o Ensino Jurídico

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Compreende-se nesta abordagem que o Direito pode ser definido como criação humana sempre pronta a ser revista e melhorada, sempre comprometida com os aspectos humanísticos, como um acordo feito que pode ser alterado conforme as pretensões da sociedade, que isso não significa efetivamente que se esteja legislando sobre o futuro, mas que se está estabelecendo diretrizes para a deliberação por aqueles que vão participar da sociedade futuramente, as novas gerações. Nesse contexto, é compreensível o desenvolvimento da humanidade a partir da linguagem e da significação como possibilidades de constituição de um mundo ideal. Na esfera da imaginação criadora, da linguagem e da criação simbólica das normas, verifica-se que estão constituídas as ferramentas necessárias à manutenção da sociedade. Em decorrência disso pode-se propor uma ordem jurídica como instrumento de constituição da sociabilidade humana. Pensar o campo do Direito implica pensar o pensamento. O Direito como criação imaginária da sociedade humana pressupõe a formação humanística como um dos pilares da sociabilidade, não como coerção jurídica, mas como consciência política e cidadã. O pensamento torna o homem humano, ele é porque pensa. Ser humano é pensar. Pensamento é cultura e cultura é uma criação imaginária do homem, é abertura. O simbólico e a capacidade de raciocínio o distinguem das outras espécies animais, com o que lhe é possível dominar a natureza e ampliar seu campo de dominação. Nessa linha a universidade opõe-se à ideia de formação pautada apenas na racionalidade instrumental e mantém um firme propósito de defesa da construção de um pensamento ativo crítico-reflexivo diante de qualquer viés reducionista que se tenha de enfrentar. A compreensão da necessidade de humanização dos sentimentos do homem abre caminho para que a transformação social seja possível a partir do debate sobre a humanidade do homem, um debate que recoloque a importância da linguagem e do pensamento para a criação e compreensão do mundo. Uma linguagem que seja o alicerce do conhecimento para que o aprendiz se posicione crítica e reflexivamente diante do saber, utilizando-se do entendimento dos diversos sentidos possíveis a partir da compreensão hermenêutica da vida.